quarta-feira, 26 de março de 2008

A Sangrenta Batalha Contra o Crítico Interno - Episódio I

Vento brando. Enormes copas verdes pra trás, pra frente. Movimento. Vegetação ondulante. Vaquinhas comendo lá longe. Solzinho gostoso. Rio brilhante.

Essa é a Fazenda São João. Destino de muitas de minhas fugas do frenesi capitalista. Fortaleza. Acolhimento. Proteção. Alívio. Árvores gigantescas com folhinhas sensíveis a sopros suaves da tarde.

Vejo uma trilha que nunca havia notado. A vida tem dessas coisas. Coisas que nunca notamos.

O chão, de terra pisada e úmida, era gelado em meus pés. Frescor. Mais alívio. Plantas menores passavam por mim, ao ritmo de meus passos, despreocupados então. Hah. Na minha imaginação sou criador, posso tudo, até isso: andar despreocupado. Surgiu então uma pequena clareira. Grama de cor diferente. Verde mais diluído.

Hesitei levemente. Lembrei-me por que estava ali. Deveria confrontar meu Crítico Interno. Descobrir o seu nome. Face Vader you must, Luke.

De repente, sem vento. Árvores imóveis. E só então percebi que havia pássaros cantando o tempo todo, porque naquele exato segundo fez-se silêncio absoluto. Então pude ver, por entre galhos e folhas secas, algo como uma figura disforme materializando e desmaterializando-se alternadamente. Tinha muitos rostos, mas não se discernia nenhum em particular. Muitas vozes, também. Medo. Hah. Tsc. Isso é apenas um exercício de visualização criativa. Não dói não, né...?

Lembrei-me da Reagan, de "O Exorcista". Credo. Noooites sem dormir. E hoje, será que não vou dormir de novo? Sossega, cara. Acordei às 4:00 da manhã, pôrra.

Ok, vamos lá.
Qual o seu nome, ó terrível Crítico Interno?

A TIIIAAA REGIIIIIINAAAAAA DA PRIMEIIIIIRAAAA SÉÉÉÉRIEEEEEE, grunhiu uma voz de trovão.

O NIIIIILTOOOON PAAAAAAAIahhh, ameaçou-me outra, gutural, ao mesmo tempo.

O BIIIICHOOOOOOOOOOOOOOOOOOOO, satanizou em um berro apocalíptico simultâneo uma outra cabeça sem rosto.

-- Ah, você. Falaí, Bicho, que que tá pegano?
-- FAAAAAALAAAA

Ele me lembrava do demônio da Tasmânia, aquele do Pernalonga, com uns tornadinhos à sua volta.

-- Então, mano. Tô te dano férias.
-- FÉÉÉÉÉRIAAAAAAASSSSS? COMOOOO ASSIIIIIIIM? MAS REMUNERAAAAAADAAAS?
-- Cara, toma aqui, vai pra Bahia, seu Fídivó. Passagem só de ida. Pega aqui tamém o dinheiro pra cachacinha. Eu te mando um email assim que precisar de algum tipo de senso crítico. Mas já te adianto que vai ser só trampo light. Light, ok?
-- NAAAAAAAAAASSSSSAA, FUUUUUIIIIIII, VÉÉÉÉÉÉÍOOOOOOOOOOOO. AAAAAAAAAAAAAAARRRRRRRRRRRRRRRRGGGGGGGGGGGGGHHHH BLAAAAAAAAAAHHHHH BLUHHHHBLEBLEBLOHHHhhhhhhhhhhhhhhh...

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2 comentários:

Anônimo disse...

Cá estou eu. Sim! Cá estou eu!

Morando sozinha em São Paulo, estudante de Direito no 4º ano - "quase uma advogada!"- estagiária no jurídico de uma das maiores empresas de comunicação da América Latina e...
e... o que?
e nada!

Nada de me comunicar... Nada de ser advogada... E nada parecido com o que essa panca toda pode passar...

Eis que surge um, como tantos outros antes deste, e-mail de uma pessoa distante, que ainda tá lá dentro de mim, nadando em tudo aquilo que, às vezes, eu ainda me pergunto se ainda tenho; um e-mail que eu não posso responder, porque o grupo de e-mails assim decidiu – vai entender ; um e-mail, como tantos outros, que eu acho que eu não devo responder, porque não é para mim. Tudo faz tanto tempo, tudo tá tão longe, será que ainda lembram de mim assim? Será que eu ainda lembro de mim assim??

No e-mail tinha um link, como tantas outras vezes eu vi o link. São dez da manhã na empresa - nossa, faz tanto tempo que eu não entro nesse blog!.

Brainstorm: imagens, cheiros, lembranças, idéias, sonhos, decepções, Ash Tar Sheran, fotos, fogueiras, picadas, vento.

Não! Eu nunca li esse blog!

Voltei no primeiro post. Li todos. Alguns, novamente. Outros pela primeira vez. Todos, com uma ânsia, uma “esperança última que morre” de preencher aquele vazio chato que insiste em morar em mim. Os Mortos? estão sempre em todos os lugares. Muitos dos lugares que eu deveria estar. E, mesmo assim, me parecem escapar por entre os dedos. Se eles se materializam quando você menos espera, parece que a linha imaginária se transforma numa parede, se você espera demais.

Mas porque esperar?

Vocês já leram seu próprio blog assim, inteirinho, de uma vez só, num dia só? Bom, eu li. E ele causa um efeito colateral impulsivo, quase que como uma convulsão, que vocês não advertiram. Parece aquela vontade incontrolável de vomitar ao ver um copo de tequila quando se tem ressaca, aquela vontade de gritar ao bater a ponta do cotovelo na quina da mesinha – pra que serve aquela mesinha? – com o vaso de flores. Preciso de uma das injeções mágicas do Carlão? De leite de cabra?

Não. Preciso falar. Me mexer. Abraçar apertado, morder e rir muito, mas muito mesmo.

Lembrei de um dia na casa antiga do Conde. Sem luz, sem sofá... só vela, Mortos? violão e alguns combustíveis, porque sem eles, ninguém funciona. Meu, como foi divertido. Lembrei do “Moth Man – Homem Mariposa” – o qual, by the way, não aparece no blog. Lembrei de tanta, mas tanta coisa! Senti tanta, tanta coisa.

Então, nesse espírito de pra-que-esperar-depende-de-mim-preciso-falar-expressar-gritar-sussurar-contar-opinar, resolvi dizer que sinto muita falta de todos vocês! Que me emocionei muito com o re-econtro da formação original. Que me diverti muito com todas as trocas, substituições e aquisições de todas as formações seguintes! Que me orgulho orgulhosamente muito de dizer que, sim, eu conhecia eles bem no comecinho, e era igualzinho. Essa sede por verdade, liberdade, originalidade, besteridade... iNgualzinho!!

Bom, então é isso! Queria que vocês soubesse...!

E se vocês não lêem comentários?

xxx

3rd World Dude disse...

Ma-ri-ni-nhaaaaaaaaaaaa

Meu, que saudade! Não acredito que você apareceu!!!

Sem palavras aqui, lendo e lendo e lendo o seu recado! hahahah, lembra daquela época?! aquele show na casa do conde com bahianinha! hahhhaa cara, como eu ri!!! o que era aquilo!

o seu comentário vai virar um post!! e são tantas coisas a dizer que a gente vai ter que se encontraaaaaaaaaa

e tem que ser antes do planeta neburo se aproximar demais da órbita terrestre e causar o fim do mundooooo

hahah, os mortos? te amam!