domingo, 15 de novembro de 2009

Engenharia, Baratas e o Fim do Mundo


Não demorou muito pra chegar o torpedo da Ju no meu cel:


"Ressaca braba, mas alma lavada."


Sorriso maroto. Outro gole de água com gelo. Minhas células gritando. O calor me cozinhando. Flashbacks da noite anterior tirando as primeiras gargalhadas do meu dia. O caso da barata sem cabeça. Ou da cabeça sem barata. Ontem essa barata cau-sou. O bar parou, pessoas perseguiam a barata. A barata dando olé. E me pergunta se eu sabia que se você arrancar a cabeça de uma barata ela fica viva por 3 dias. Não percam em breve nesse blog - O Caso da Barata Sem Cabeça.


Merece um Gordon Ganozinho (Hitting the Ground), esse momento. Cadê o CD do Gano, porra?

Ah não. Lembrei. No chão do carro. Níveis de ressaca no sangue subindo.


I'm gonna go way up in an aeroplane
I'm gonna go way out insane
I don't know if I'll ever come down
I don't know if I can reach the ground


Tanta coisa acontecendo que eu não consigo escrever a tempo no blog... Puta fome... Hahahah, o que foi aquela história da dentadura perdida que a Fernanda contou... Cara, preciso ligar pra Maria Paula pra ver o layout do Mortos?... E eu e a Ju dançando que nem louco, hahah... Opa, meu sobrinho me ligando.


"Vamos ver o filme do fim do mundo?"

É o fim do mundo né porra, quero ver sim, a gente se encontra lá então. Falô.

"Tá a fim, pai? É o filme sobre o fim do mundo."

"Hm. Quanto tempo dura?"

"Parece que umas 3 horas."

"Vou não. Tô cansado. E o fim do mundo eu vejo todo dia mesmo."


Ressaca braba. Alma lavada. E vamos lá ver o fim do mundo. De novo. Beijo.

domingo, 8 de novembro de 2009

Sobrevivendo com Alguns Arranhões

Mais uma semana que pareceu um mês. No fim da noite de sexta, lá ia eu de novo na Rebouças em rumo ao apê do Conde, depois de ficar procurando a minha chave por mais ou menos 50 minutos.

Semana de calor em São Paulo. De inferno. Cacos. O cansaço como areia movediça me engolindo. Lembrei de um comentário que a Ju deixou aqui no blog que diz tudo: "fim de noite, fim de semana, fim de carreira...". Só havia uma esperança pro meu senso de humor naquele momento - a Desorganização Mortos?WaterhouseCoopers.

No meu CD player rolava Edie Brickell (Little Miss S.).

You got a lot of living to do without
You got a lot of living to do without life

A Rebouças até que andava bem. Passei por um comando na outra pista. Minha carteira continuava vencida. Bom. Escutei Edie Brickell quando morei no Colorado. Voz suave, letras que estimulam a imaginação, ótimas guitarras flangerizadas, baixo e batera. Sensação de introspecção e movimento simultâneos. São Paulo ficava mais interessante. Edie and the Bohemians tocavam agora "What I am". Assim como a Aspirina Infantil tem efeito analgésico e antitérmico em uma criança manhosa e febril, as imagens criativas sobre filosofia e religião começavam a baixar a taxa de desespero no meu sangue.

Philosophy is the talk on a cereal box
Religion, is a smile on a dog

I'm not aware of too many things
I know what I know if you know what I mean

Choke me in the shallow water
Before I get too deep
What I am is what I am are you what you are or what?


Peguei Conde e fomos direto ao Pã de Açúcar, tradição da M?C numa sexta-feira-fim-de-carreira. Fomos comprar comida mas que comida, o quê. Oito Boehmias Oaken meio-geladas. Calor. Inferno na terra.

Enquanto esperávamos as Oakens gelarem ficamos na cozinha conversamos sobre a nova arte gráfica do Myspace e blog, o novos programas com Dominique Glocheux ("Cozinhando com Dominique", "Dominique e os Astros", etc.), Ramones, mulheres bonitas, e de repente tivemos um ataque de riso fatal. Uns 15 minutos sem conseguir falar. Abdômens travados. Filmando tudo. De repente parecia que ia parar. Mas aí começava de novo. Eu achei que ia morrer, ataque cardíaco, sei lá. Quá quá quá, etc ad infinitum. Cara. Mas porque a gente tava rindo? Lembro não, baby.

Nem importa.

O joelho do Conde tava melhor. O meu desespero também. Os Mortos? vão sobrevivendo com alguns arranhões. Cazuza era até otimista, se pensar bem.

sexta-feira, 6 de novembro de 2009

Dra. Reagan e o Caso do Dia da Marmota - 2a Parte


- E eu tive outra decepção, doutora, outra decepção...dá vontade de vomitar só de lembrar...ontem, antes de dormir, lembrei que tinham falado bem de uma banda chamada Pedra Letícia. Já fazia um tempo que eu queria ouvir o som deles, pensando, putz, preciso ouvir uma banda nova e boa pra não perder a esperança de vez na música brasileira, então lá fui eu. Credo. Coisinha ridícula. Mas não, não quero desmerecer o trabalho dos caras, eles devem estar trampando pra caramba na banda e tals. Não quero ser egocêntrico, e não fica bem falar mal dos outros, mas NÃO DÁ. Não aguento mais. Mais um sonzinho ultrapassado, sem vida, sem graça. Querendo vender fazendo humor forçado e idiota. Pareciam galinhas ciscando no palco.

- "I don´t wanna be buried in a pet sematary
I don´t want to live my life again
"

- Quase vomitei, doutora. Eles ficavam falando "Nós somos os Letícia Stones. Entenderam? Letícia Stones...Isso em português quer dizer Pedra Letícia. Ho ho ho." E tem uma outra música deles que chama "Como Que Oce Pode Abandona Eu" (sic). Meu, faz um favor pra gente? Se mata.

- "Look inside
Look inside your tiny mind
Then look a bit harder
Cause we´re so uninspired
So sick and tired"

(continua...)

quinta-feira, 5 de novembro de 2009

Dra. Reagan e o Caso do Dia da Marmota - 1a Parte



- Rrrrrrr...RAAAURRRR...grrllzzbrrrr...au! au!..lMUUU...rszxgsrsr...ÓINC! ÓINC!

- Bom dia, Dra. Regan.

- "Hello hello, you say goodbye and I say hello!"

- Fico pensando, às vezes...como a senhora consegue ficar ouvindo problemas dos outros o dia inteiro, por anos e anos, e não se afetar com isso? A senhora parece sempre tão bem, doutora.

- ÓINC.

- Bom, não sei bem o que falar hoje, doutora... (respira fundo)

- "Open your heart to me, baby
I hold the lock and you hold the key
Open your heart to me, darlin'
I'll give you love if you, you turn the key"

- Ah sei lá, hoje de manhã eu tava tomando açaí sentado no banquinho de uma igreja, e o céu de São Paulo estava azul. Foi estranho. E embora fosse um azul amarronzado, fiquei imaginando que daqui a uns 10 anos nem vai dar mais pra ver a porra desse céu. Hmm. Talvez não. Talvez isso não chegue realmente a acontecer... Talvez. Talvez o mundo chegue ao fim antes disso. 2012 tá aí...

- "Squeeze me baby all through the night
Oh baby, do you wanna dance under the moonlight?"

- Que? A senhora acha? Eu tô com depressão? Mas doutora, o que eu faço com as minhas contas, porra? Não tô conseguindo pagar...nem durmo direito mais...

- "We swore each other everlasting love
She said well yeah I know but when
We did - there was one thing we weren't
Really thinking of and that's money
Money changes everything
Money, money changes everything"

- ...

quarta-feira, 4 de novembro de 2009

Dra. Reagan - Psicoterapia para Crianças, Adolescentes e Adultos - CRP 666666


Dra. Reagan é psicanalista formada pela Sociedade Brasileira de Psicanálise de São Paulo. Foi escolhida pela Mortos?WaterhouseCorporation para oferecer atendimento online gratuito à população. A partir da data de hoje, publicaremos transcrições de sessões que ilustram de forma expressiva a eficiência do trabalho de Dra. Reagan no tanto na clínica quanto em sua vida pessoal, na qual se revela uma pessoa serena, racional e estável, apesar de ter atendido pacientes com transtornos mentais graves por 75 anos e gastado mais de R$ 350.000,00 em sua formação na SBPSP, acumulando dívidas, processos, e amantes psicóticos.

Dra. Reagan tornou-se conhecida na mídia após o famoso caso em que atendeu os Padres Alfieri Eduardo Bompani e Tarcísio Tadeu Sprícigo, ambos homossexuais, pedófilos, e autores do "Manual do Padre Pedófilo - vol. I e II."

Um dos padres morreu durante o processo terapêutico. Caiu da janela e quebrou o pescoço."Às vezes o psicoterapeuta precisa dar uma cutucada", explica Dra. Reagan.

segunda-feira, 2 de novembro de 2009

Feliz Dia Dos Mortos?.

A Mortos?WaterhouseCoopers parabeniza a população brasileira no dia dos Mortos?.

Nosso presentinho: um dos melhores mini-docs já produzido pela M?C, porra: "Acordando Ju".

Tudo começou em uma noite em que o Terrível Tédio Existencial ameaçava mais uma vez a população brasileira, devorando cérebros vivos em questão de segundos na Rede Globo. Foi quando nossos anti-heróis avistaram o sinal M? na nuvem de poluição acumulada que pairava sobre a cidade. Mais uma missão tinha início...




PS - E ontem nossa querida des-organização recebeu um presente muito especial. Alguns Mortos? se emocionaram. Nossas queridas Maria Paulinha e Gi terminaram o novo conceito artístico-visual da M?C. A arte das 2 é linda e tem tudo a ver com a essência dos Mortos?. Em breve os Mortos? estarão com um novo visu, baby.

Engenharia, Latinhas Furadas, e a Vida


Meu pai: engenheiro bem sucedido. Eu: louco.

Em decorrência de diferenças iguais ou maiores a essa, nunca conseguimos nos dar muito bem até pouco tempo atrás. Lembro que quando me perguntavam o que eu ia prestar na faculdade, tava na ponta da língua?: qualquer coisa menos engenharia. Orgulho do papai.

Hoje morremos de rir do mundo tomando uma cerva todo final de semana. Meu pai às vezes conta o mesmo causo algumas dezenas de vezes, mas o de anteontem foi inédito. Era sobre um certo equipamento (algum tipo de bomba, sei lá) em alguma refinaria que não tava funcionando bem, tava fazendo um barulho do caralho. O cara que era responsável tinha viajado e trancado todos os materiais numa gaveta. E lá foi meu pai tentar resolver o problema.

"Não tem nada melhor do que problemas. Sempre aparece um novo. Você vai lá e tenta resolver. Quebra a cabeça. Acha que não vai dar. Quer bater em alguém. Mas quando acha a solução a vida faz um pouco mais de sentido."

Nesse mesmo momento tive vários insights sobre engenharia, relacionamentos, e a vida. Acho que finalmente entendi inclusive porque meus pais estão juntos até hoje. Pim.

"Sempre me dei bem na Petrobrás porque resolvia qualquer tipo de problemas, filho. Já até construí uma bomba de gasolina com uma latinha furada e um pedaço de mangueira velha colados em cima do carro quando o carro do meu chefe quebrou no meio do sertão nordestino. No caso da bomba hidráulica do filha da puta que tinha trancado os manuais na gaveta, o problema não era na bomba, como todo mundo pensava, mas no tipo de gás que estava sendo usado na calibração."

"Pra ser bom em resolver problemas, você não pode ficar no bolo. Não pode ser mais um jegue. Tem que fugir do bolo. Ficar longe do gado. Procurar outro ângulo. Observar o todo ao invés da peça."

Esse era o cara que que eu menos queria ser na vida. Mas depois de 78 anos algo mudou nele.

De repente, através da janela atrás do meu pai, um reflexo nas nuvens me chamou a atenção. O sinal M? era projetado mais uma vez no céu de Campinas City. A população estava em perigo novamente. O Terrível Tédio Existencial devorava cérebros vivos em questão de segundos na Rede Globo. Mensagem ultra-secreta urgente da Mortos?WaterhouseCoopers.

M?C para Mr. Hollywood...M?C para Mr. Hollywood...repetindo mensagem...

Fuja do bolo. Fique longe do gado. Procure outro ângulo.

E dá um gole dessa Bohemia Oaken. Câmbio desligo.